quarta-feira, 4 de julho de 2007

Convite
Linha Tênue
Esculturas de Adriana Xaplin

Figuras humanas criadas com arame, resina e material reciclado fazem parte da exposição "Linha Tênue", da escultora Adriana Xaplin. De grande impacto visual, as peças instigam à reflexão sobre os limites da condição do homem, sua fragilidade e superação. "Minhas esculturas parecem sair de um mundo onírico que retrata figuras escatológicas que tanto podem pertencer ao passado como ao futuro do ser humano"

Abertura: 5 de julho/quinta-feira
19 horas
Sesc Centro, Café Concerto / Alberto Bins, 665

Visitação:
até 19 de julho das 9h às 18h
Linha Tênue
Lisete Bertotto Corrêa
Exposição de Esculturas de Adriana Xaplin

"O verdadeiro não é o elemento do pensamento. O elemento do pensamento é o sentido e o valor. As categorias do pensamento não são o verdadeiro e o falso, mas o nobre e o vil, o elevado e o baixo, consoante a natureza das forças que se apoderam do próprio pensamento. Do verdadeiro e do falso, temos sempre a parte que merecemos: existem verdades da baixeza, verdades que são as do escravo. Pelo contrário, os nossos pensamentos mais elevados constituem a parte do falso; mais ainda, não renunciam nunca a fazer do falso um elevado poder, um poder afirmativo e artista, que encontram na obra de arte e a sua efectuação, a sua verificação, o seu tornar-se verdade. (DELEUZE, 2000, p . 157-158)"

As transformações contemporâneas colocaram o conceito ao lado da arte como processo de produção. Arte como conceito ou como criação, desafiam a criatividade numa guerra sem limites entre a estética possível e a estética pensada.
Linhas reais e imaginarias separam Apolo de Dionísio. Fissura barulhenta e silenciosa que condena a vida na vida, a morte na vida e a vida na morte. Uma decisão para machucar, ferir e fraturar nossas possibilidades de existência. Sem chance para conciliação: Apolo ou Dionísio. Uma direção para viver de forma dionisíaca não nos livra de Apolo, sempre nos cobrando um princípio ordenador da matéria. Enquadrar em formas telúricas possíveis os contornos profundos e definidos de materialidade para enfrentamento de um cotidiano caótico. Abandonamos Dionísio! Um alto preço a pagar! Flertarmos com as ilusões da organicidade, nos escondemos na dobra do higeanismo, da segurança dos afetos e das conquistas matérias. Até que... A embriagues de Dionísio nos chama com selvageria para participar de um ritual de comunhão entre as pessoas e a natureza. Perdido no sulco das linhas, o humano coloca na estética o desespero de suas possibilidades. Com Apolo, choramos o luto pelo abandono de Dionísio, com suas possibilidades de prazer e êxtase. Com Dionísio, padecemos a dor pela ferida faminta de materialidade, pois só o banquete mágico não nutre nosso corpo. Entre a consciência dionisíaca e a apolínea estão as linhas, acessadas por infinitos rizomas, caminhos de arte, sexualidade, mentalismos e outras transcendências.
Largar fardos pesados que nos levam ao caminho da impotência. São escolhas, linhas a serem transpostas, retorno e avanço que refletem a paisagem humana na estética possível que capturamos do nomadismo e a aprisionamos na forma que chamamos arte.

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